...............CONTINUAÇÃO DO POST ANTERIOR (MESMO TÍTULO)
Mestre Josué Pinharanda Gomes, Pensador e Investigador português -
o "Mineiro" da Cultura Portuguesa.
Um documento para reflexão de regionalistas e anti-regionalistas
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Excerto do Vol. 2, "Patrologia Lusitana" (págs. 17/18), da "História da Filosofia Portuguesa" do Mestre Pinharanda Gomes, o "Mineiro" da Cultura Portuguesa. Edição Guimarães Editores, hoje propriedade da Livravia Babel, Lda.
(Este excerto foi autorizado pela editora Babel e pelo próprio autor)
IMPORTANTE! O autor deste blogue não pretende associar o autor a nenhuma posição perante a temática da Regionalização de Portugal.
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"(...) A Hispânia é um microcosmos, disse o geógrafo Méndez Silva, onde há de tudo e nada falta, o que já antes dele haviam visto os apologistas das esquadras mafamedicas. Microcosmos, cume da Europa, cabeça do boi, é envolvida na sua maior extensão pelo Rio Oceano, Atlântico identificado, apesar do jogo de estilo elaborado por Homero, ou pelos homeríadas, mas reino microcosmos divertido entre dois olhares: o limite atlântico, span, sepharad, ao modo fenício e hebraico, que é a nossa finisterra, como que a sugerir que Hispânia é a Lusitânia com as terras do meio que olham para o mar do meio das terras, de onde se gera o dualismo atlântico-mediterrânico da Hispânia, mas onde por igual se gera o atlantismo da Lusitânia. As diversidades regionais podem não servir de base a divisões de território, nem são de molde a criar regionalismos vinculados a um exclusivismo étnico, mas, no caso Lusitânia/Ibéria, houve lugar a uma configuração excêntrica, centrífuga e aceânica, de tal modo que seria sensato postular que o nacionalismo das nações hispânicas, incluída a nação portuguesa, encontra raízes e águas acolhedoras nos regionalismos. A afirmação de Portugal é um acto de nacionalismo; mas a afirmação da Lusitânia prevalece no acto. A Lusitânia afirma-se pagus, terra nostra, perante a urbe mediterrânica."
"(...)Lusitânia situa-se entre Ibéria e Oceano, ou, na configuração pré-romana, numa forma quadrangular que o domínio romano por considerações estratégicas encurtou, ao dividir a Hispânia em três províncias, a Lusitânia (diminuída da Galécia), a Tarraconense e a Bética. Das três províncias, a que corresponde ao vector do iberismo é a Tarraconense, porque Tarracona, pago ibérico, estende os elos até ao Atlântico, subjugando a Galiza e, o mais curioso a região dos Brácaros. A divisão provincial romana carece de toda a lógica étnico-cultural, mas abunda em intencionalidade dominativa. Tarracona é a Ibéria tal como os iberistas sonham: uma grande província absorvente das que lhe ficam, diminuídas, a seus pés, a Bética e a Lusitânia. A estratégia romana elaorava com base em interpretações comprometidas, pois, com efeito, Estrabão, que era mais submisso do que Mela, confundira Iberos e Lusitanos, ainda que afirmasse serem, os Lusitanos, os mais fortes dos Iberos. Estrabão tem interesse em identificar Iberos e Lusos para justificar a extensão da Ibéria tarraconense até à Lusitânia bracarense e lucense; Pompónio Mela sabe da forte identidade lusitana face à Ibéria, e convém-lhe sujeitar a fortaleza da finisterra à esperteza da mediterra. Ao não compreender o jogo de intenções, Herculano acabaria por cair na tese negativa da identidade nacional com base regional, por oposição a quem vira melhor do que ele, Bernardo de Brito e André de Resende - o que, aliás, vem já dito em Leite de Vadsconcelos. A Lusitânia Romana é uma Lusitânia diminuída, talhada a esquadro e régua, segundo o interesse dominacional do império, a Lusitânia natural é todo o oeste peninsular. Vai do Promontório Sacro para além do Minho, até à vertente norte norte-atlântica, e do oeste atlântico até bem dentro:inclui, pelo menos, Mérida e grande parte da Extremadura, por isso chamada Extrema: a fronteira da Lusitânia com a Ibéria. A Lusitânia é o país dos quatro rios: Guadiana, Tejo, Douro e Minho; a Ibéria é a região de um só rio: o Ebro."
Mestre Josué Pinharanda Gomes, Pensador e Investigador português -
o "Mineiro" da Cultura Portuguesa.
Um documento para reflexão de regionalistas e anti-regionalistas
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Excerto do Vol. 2, "Patrologia Lusitana" (págs. 15/16), da "História da Filosofia Portuguesa" do Mestre Pinharanda Gomes, o "Mineiro" da Cultura Portuguesa. Edição Guimarães Editores, hoje propriedade da Livravia Babel, Lda.
(Este excerto foi autorizado pela editora Babel e pelo próprio autor)
IMPORTANTE! O autor deste blogue não pretende associar o autor a nenhuma posição perante a temática da Regionalização de Portugal.
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"A Lusitânia não é mito dos humanistas do Renascimento. É, a par de um nome que individualiza uma região planetária, um sinal que indicia uma realidade existencial própria, mesmo que os resíduos utilizáveis pelos sucessores e posteriores, careçam de global inteligência e compreensibilidade. A Lusitânia corresponde à zona húmida da Hispânia, onde se constituiu o meio entrópico de Portugal hispânico. como que diverso da zona de sequeiro da península, onde prevaleceu a masculinidade castelhana, mais arrebatada do que a feminilidade, a frouxidão e a cisma da vertente lusitana. Quando dizemos que antes dos lusitanos o que sabemos é o pouco que sabemos acerca dos povos anteriores - povos sem história - queremos significar que "esse sem história" se refere mais à nossa ignorância do que à inexistência de uma história, mas da Lusitânia sabemos quanto importa a uma definição, ainda que mais prospectica do que perspectiva. Olhada retrospectivamente, a Lusitânia é mais do que uma perspectiva da origem, uma prospectiva do meio em que se afirmou uma entidade singular e diferente. E o carro da criação de Portugal.
A Lusitânia não é Ibéria, a Ibéria não é Lusitânia. Comete erro de juízo de facto e de valor, a corrente histórica e política que força a realidade até ser capaz de meter a Lusitânia na União Ibérica, por não compreender que não há reta união ibérica, mas correta união hispânica. Na União Hispânica cabem Lusitânia e Ibéria, enquanto na União Ibérica só cabem os povos iberos, ou da Ibéria. A tese iberista releva do projeto de sujeição da vertente atlântica à vertente mediterrânica e, por via dela, da sujeição dos povos da periferia ao centro impulsor do iberismo. A União Ibérica, tornada doce paliativo, é na ordem política o projeto anti-autonomista do Duque de Olivares: Braga dominada por Toledo.
A Hispânia tem quatro vertentes: a vertente atlântico-cantábrica, especiosa, ainda que aparentada com a vertente perináica e com a vertente lusitana; a vertente mediterrânica (ibéria); a vertente pirenaica, com Aragão, e que por si mesmo é também específica; e a vertente lusitano-atlântica, em que amplamente se insere a galega ou galaica. É supérfluo considerar as vertentes pirenaica e cantábrica, porque a díade dualista se põe somente quanto às vertentes ibérica e lusitana. Os geógrafos que vieram de fora nunca se enganaram e, por isso, jamais confundiram Lusitânia e Ibéria. A Lusitânia é a vertente atlântica - «Lusitânia... que mare Atlanticum spectar»(7), enquanto a Ibéria é a região do Ebro, que o Mediterrâneo contempla. Em sentido figurado, diríamos que a Ibéria olha para Oriente, enquanto a Lusitânia olha para onde o mar começa e a terra se acaba, por repouso do Sol ocitânico. A diferença geográfica não inclui uma diferença cultural (dos círculos culturais de Frobenius sabemos como em África e na Europa há culturas análogas, ainda que Frobenius haja sublinhado que importa não confundir analogia com homologia), mas deve suscitar a vocação para definir identidade geográfica, identidade étnica e identidade existencial. Lusitânia e Ibéria são duas regiões distintas, tão significativas uma como a outra, mas nem a Ibéria é fusível para a Lusitânia, nem há Lusitânia fusionável com Ibéria. A pré-história dos povos peninsulares é diferente, mas torna-se sintomático o nível diferencial entre projeto ibérico e excurso lusitano, como se a Lusitânia e Ibéria houvessem sido berços de duas diferentes raças humanas, como queria o enciclopedismo evolucionista(8). Na diversidade, as duas versões antigas projectaram-se sempre num dualismo geográfico e histórico, de modo que à díade nómica da Lusitânia/Ibéria correspondeu a díade, algumas vezes antinómica, de Portugal/Espanha."
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(Excertos da intervenção do Professor Doutor Nuno Gonçalo Monteiro nos "IV Cursos Internacionais de Verão de Cascais - 1997", sob o Título: "Monarquia, Poderes Locais e Corpos Intermédios no Portugal Moderno -séculos XVII e XVIII". Imagens e legendas da responsabilidade do autor deste blogue).
BIOGRAFIA do Professor Nuno Gonçalo Monteiro:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Nuno_Gon%C3%A7alo_Monteiro
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(...)"Entre o início do séc. XVI e os finais do séc. XIX a Europa passará de muitas centenas de unidades políticas para cerca de duas dezenas. Ao longo do período considerado, onde há importantes rupturas, em especial no trânsito do séc. XVII para o Séc. XVIII, a maioria das monarquias europeias foram, para retomar a expressão de J.H. Elliot «monarquias compósitas», isto é, que integravam sob a vinculação a uma mesma dinastia reinante territórios com diversa história e com uma existência anterior enquanto entidades políticas autónomas. Acresce que em muitos casos, esses distintos países ou reinos mantiveram ainda durante séculos instituições próprias, mesmo quando abrangidos por uma mesma fidelidade dinástica. Ao contrário do modelo oitocentista, pois «la nacion estado del XIX era monopolista: reclamaba lealtad en excluisiva y no tenia sitio para las lealtades multiples de un valenciano o de un galés». Apesar das mudanças relevantes que se introduziram no séc. XVII ou no início do séc. XVIII, formas variáveis de diversidade e pluralismo institucional persistiram em França, em Espanha ou na Grã-Bretanha ainda no decorrer do séc. XVIII. As mutações já concretizadas tinham-se defrontado com resistências de várias formas de poder intermédio ou regional e não deixariam de constituir un foco de ulteriores tensões.
(Regionalização é liquidação do municipalismo)
No séc. XVII, todas as principais monarquias europeias eram, portanto, «monarquias compósitas». Neste terreno, Portugal constituía sem dúvida um caso singular. Era um reino construído através da (Re)conquista e, como tal, dotado de uma invulgar homegeneidade institucional, porque nunca coagido a respeitar a identidade de corpos políticos pré-existentes e ainda por outras circunstâncias, que adiante se discutirão. Um dos legados dessas origens e dessa história era, precisamente, a inexistência tendencial de «corpos políticos intermédios» entre o centro e a esfera local. Além disso, apenas durante o período da união dinástica com Castela (1580-1640) se integrou numa monarquia compósita, que até tarde respeitou as suas instituições próprias, e da qual se conseguiu subtrair com êxito. Terá constituído, de resto, o último caso de secessão bem sucedida na Europa moderna.
(...) Portugal não constituia, assim, uma «monarquia compósita». Tirando o período dito filipino e os derradeiros anos que antecederam a independência do Brasil, a monarquia coincidiu sempre com o reino, apoiada nos proventos das suas «conquistas». Uma realidade pouco comum na Europa do tempo. A esta, acresce ainda uma marca peculiar. Com excepção, precisamente, das que tiveram lugar nos últimos anos antes de 1640, não se conhecem grandes revoltas entre os finais do século XV e os inícios do século XIX, e, menos ainda, rebeliões com um acentuado cunho regional, étnico ou religioso. A monarquia portuguesa nunca teve, desta forma, de se defrontar com desafios que foram muito comuns nas suas congéneres europeias.
As questões que antes se enunciaram são fundamentais para uma adequada contextualização das relações entre o centro e as periferias no caso português, ao mesmo tempo que aquelas podem em parte ser esclarecidas nesses terrenos de análise.
(...) O território continental da monarquia não crescera através da assimilação de comunidades territoriais autónomas, mas sim por via da conquista, terminada no séc. XIII, constituindo Portugal desde então uma entidade política dotada de fronteiras estáveis. Sendo esse facto bem conhecido, não deixa de se revelar essencial. Era um reino dotado de uma invulgar homegeneidade institucional. Desde finais do séc. XV que uma rede concelhia, sujeita a formas de organização relativamente uniformes constantes das Ordenações (que se estendia mesmo às terras senhoriais), cobria todo o território. No caso português, os interlocutores do poder central seriam apenas e só as câmaras, afirmando a esse respeito J. Romero Magalhães que «em Portugal havia no Antigo Regime apenas duas autoridades políticas: o Rei e as câmaras». De facto, ao mesmo tempo que valoriza o poder municipal, o autor citado sublinha a sua dimensão antiregional. Terá sido assim, na historiografia recente, o primeiro a destacar enfaticamente este último aspecto."
Regionalização significa coser Portugal à Espanha das Nações.
Os regionalistas organizaram-se em 1995, mas a derrota foi clamorosa no Referendo de 1998.
Para onde foram depois? Obviamente, para o interior do sistema partidário, onde estão agora organizados em células, através dos seus homens de mão, muito actuantes na Assembleia da República.
(Esta imagem não faz parte do texto da Wikipédia que aqui se publica)
_____________________O texto que se segue é da Wikipédia, a enciclopédia livre_______________
"O Partido Português das Regiões (PPR) foi um partido político português, já extinto, criado em 1995. Defendia um modelo democrático assente nos valores regionais, éticos e sociais da liberdade, desenvolvida através de órgãos nacionais, regionais e autárquicos.
Adoptaram como símbolo uma estrela prateada sobre outra estrela azul tudo circunscrito por um círculo também azul.
Força partidária de matriz regionalista que apenas pretendia concorrer por um círculo do Porto, preconizava a defesa e promoção, em geral, de "valores regionalistas", com características semelhantes à Forza Italia de Sílvio Berlisconi.
O partido foi liderado por Arlindo Neves, antigo Presidente da Câmara de Gondomar, tendo como "homem sombra", Avelino Ferreira Torres, um ex-militante do CDS que presidia à Câmara de Marco de Canaveses. Outras figuras importantes eram Jorge Nuno Pinto da Costa, presidente do F.C. do Porto, Manuel Vaz, ex-presidente da Câmara da Póvoa do Varzim (pelo CDS e depois pelo PSD) e dirigente desportivo, que iria encabeçar a do PPR no círculo do Porto e José Gomes, antigo presidente do F.C. Paços de Ferreira. Tinha ainda como figuras mediáticas do desporto, os futebolistas Vitor Baía e João Pinto e o ciclista da Sicasal, Paulo Ferreira.
Nunca concorreu a qualquer acto eleitoral.
O seu registo foi cancelado em 1998".
( Origem deste texto: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre )