Sexta-feira, 16 de Julho de 2010

Regionalização - 2: "VULCÃO POLÍTICO PRONTO A DESPERTAR"!

CONTINUAÇÃO DO POST ANTERIOR ("REGIONALIZAÇÃO-1: VULCÃO POLÍTICO PRESTES A DESPERTAR", 16/7/2010.
  
EXCERTOS DO CADERNO (PONTO 3),  "CONTRA A REGIONALIZAÇÃO", ESCRITO POR ALFREDO BARROSO A QUANDO DO REFERENDO DE 1998 E QUE SE MANTÉM ACTUAL 
 
Em "Advertência", Alfredo Barroso declara: "Este caderno é «contra». Deve por isso, ser lido como um verdadeiro panfleto político".
 
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 "Lobo com pele de cordeiro" (Continuação) 
                                                               
(...) Mais difícil de entender é, porém, a razão pela qual uma reforma «meramente administrativa» aparentemente tão leve e, do ponto de vista político, tão inócua pode ser qualificada como a «reforma do século». Ultrapassa o meu entendimento. Mas não ultrapassou o entendimento do Dr.Mota Amaral. O ex-presidente do Governo Regional dos Açores, hoje deputado à Assembleia da República, regionalista convicto e político muito inteligente e experimentado, percebeu desde o princípio o que estava em causa.. Num artigo publicado em 11 de Maio de 1996 no Diário de Notícias, sugestivamente intitulado «A regionalização vai sacudir muita coisa», o Dr. Mota Amaral era peremptório: «A regionalização é tudo menos uma inocente criação de novas entidades públicas, a acrescer às muitas que já existem. A institucionalização de regiões toca nos próprios alicerces do Estado, introduzindo factores de evolução irreversíveis.». Referindo-se ao discurso do Presidente da República no dia 25 de Abril e a declarações recentes do primeiro-ministro, em que ambos tinham procurado minimizar o verdadeiro alcance e relativizar as consequências da regionalização, o Dr. Mota Amaral avisava: «iludem-se alguns, certamente bem-intencionados, enfatizando que as regiões em causa são meras autarquias locais, com simples competências administrativas.» E explicava: «A questão de fundo é política, de poder - concretamente de partilha de poder. E é por isso que há por aí tanta gente aos berros (...)»
                                                                      Dr. Alfredo Barroso - Jornalista e membro do Partido Socialista
Mas o Dr. Mota Amaral disse mais: «Os que defendem a regionalização querem regiões a sério, com poderes efectivos de decisão, com meios humanos e financeiros adequados às funções a descentralizar, tendo em mira um melhor serviço às populações, segundo o princípio da subsidiariedade.» E não se ficou por aqui, acrescentando: «A eleição das assembleias  das regiões administrativas marcará uma viragem nas relações de poder. A partir daí, bem pode dizer-se, nada será como dantes! A força do mandato democrático, resultante de eleições directas, investirá os membros das assembleias na representação, defesa e promoção dos interesses particulares de cada região. E esta nova realidade não pode deixar de ter  grandes implicações políticas, por mais que as leis porventura carreguem o tom meramente administrativo das atribuições e competências regionais.» Com a mesma clareza de raciocínio, o Dr. Mota Amaral sublinhou: «Acresce a isto o inevitável efeito de criação de partidos regionais.» E, não sem uma ponta de ironia, comentou: «Com alguma candura, o ministro da Presidência  António Vitorino veio já prevenir que a criação das regiões não se compadece com a persistência da proibição constitucional dos partidos regionais.»
O Dr. Mota Amaral, que sabe perfeitamente do que fala, não pode ter sido mais claro.É a esta luz que devem ser encarados o significado e as consequências do processo de regionalização em curso. É a esta luz que devem ser interpretados os discursos mais radicais de certos regionalistas, oportunamente repreendidos pelas direcções dos seus partidos e por elas aconselhados, por mero cálculo eleitoral e pura conveniência política, a pôr esses discursos em lume brando. Para não espantar a caça (ao voto). Para iludir o eleitorado. Como se o manto diáfano da fantasia pudesse esconder para sempre a nudez forte da verdade."

 

 

 
 
 
publicado por camaradita às 18:53
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